Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2012.
Ao Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Campinas
Doutor Fernando Ferreira Costa
Magnífico Senhor Reitor.
Servimo-nos da presente para alertá-lo de um fato que poderá resultar em
um processo de reparação de danos morais contra essa Universidade, dado
o caráter ofensivo e sem o direito à contradita, da tese de doutorado do
pesquisador Sidney Aguillar Filho, apresentada à Comissão de Pós-graduação
da Faculdade de Educação desta Universidade em 2011, e da qual só agora
tomamos conhecimento.
Ao longo de toda a tese, o citado pesquisador acusa a família Rocha Miranda, à
qual pertencemos, proprietária à época das fazendas Santa Albertina e Cruzeiro
do Sul, respectivamente nos municípios de Buri e Paranapanema no estado de
São Paulo, de terem se utilizado de práticas eugenistas e escravocratas com
menores negros levados de um orfanato do Rio de Janeiro. Faz associação
de tais práticas com o nazismo, na forma como hoje o conhecemos, dando a
entender que membros de nossa família abrigavam atividades de um núcleo
nazista no interior do estado de São Paulo, o que fortemente repudiamos.
Impressiona a leviandade com que foi aceita pela orientadora Ediógenes
Aragão Santos as acusações à nossa família sem exigir a contradita, obrigatória
nesses casos. Mais espantosa ainda foi a aceitação passiva da Comissão de
Pós-graduação sem nenhum questionamento quanto ao achaque sem defesa
possível feita pelo autor da tese. A indicação da citada tese pela Faculdade
de Educação dessa Universidade ao prêmio Capes de teses, revelará a
superficialidade dessa comissão ao indica-la para tal premio.
Temos diversos depoimentos de pessoas que conviveram e trabalharam à época
com os “acusados” de nossa família, que nos procuraram espontaneamente,
revoltados, ao tomarem conhecimento das acusações, e não hesitaremos em
leva-los aos tribunais, se necessário for, para defender-nos do sensacionalismo
que tal tese provocou.
O fato em questão nos remete à lembrança do caso da Escola Base de São
Paulo, em março de 1994, onde uma família foi injusta e levianamente acusada,
tendo posteriormente sido constatada sua total inocência, porém com danos
irreparáveis.
A família Rocha Miranda espera deste Magnífico Reitor que não permita que
a credibilidade desta Universidade seja tisnada por um trabalho claramente
sensacionalista e oportunista, que visa tão somente os holofotes da imprensa,
sem a acurácia de uma pesquisa séria.
Atenciosamente.
Mauricio Vidal Rocha Miranda